DRAMATURGIA:
O BICHO DO PÉ PESADO
O
protetor florestal de Presidente Figueiredo
Autor Luís
Sevalho
Direção e
organização: Diretor
(a) um assistente de direção, apresentador (a), três assistentes de palco e um sonoplasta.
Elencos: Pé Pesado, os fazendeiros
Zé Ramos e Regine, Jurupari, engenheiro, sismógrafo, topógrafo e Três caçadores
armados.
Equipamentos e
suportes técnicos: Caixa
de som, microfones, tochas de fogo, luz elétrica, três ventiladores para
produzir vento nas tochas, facão de madeira, espingarda de isopor para os
caçadores, uma mala, uma mochila, uma cadeira, calça comprida, bota-sapato, chapéu
boiadeiro, um envelope amarelo escrito: Segredo,
uma placa escrita Vila Serragro e a
outra Serraria Serragro.
Atenção Diretor (a): O personagem Pé
Pesado caracteriza-se na figura do homem lagarto, macacão verde, rosto pintado
de verde ou máscara, olhos fogueados, pés e mãos com unhas enormes e serras nas
costas. Vale a criatividade.
Preparação do Cenário: Armação de uma casa
velha com uma placa escrita: SERRARIA SERRAGRO e na diagonal fica o
PALCO com outra placa escrita: (VILA SERRAGRO) referente ao Ramal da Serragro em 1980. Na
frente da vila ficam três tochas acesas (iluminação à noite). Elas sofrerão os
efeitos sonoplásticos de acordo com a cena 2.
Atenção diretor (a): Preparar o palco para
encenações onde no primeiro momento o episódio acontece à noite (cena 1 e 2) e as
demais cenas são de dia. Em todas as apresentações aconselha-se um fundo
musical. A frase: fecham-se as cortinas
é opcional.
Histórico: Segundo o escritor e
poeta amazonense Luís sevalho, a história acontece em 1980 na zona rural de
Presidente Figueiredo Amazonas quando a Serragro Indústria e Reflorestamento finalizou
suas atividades no km 200 da BR-174 ficando a vila dos funcionários abandonada e
ocupada posteriormente pelo casal recém-chegado de Manaus, José Ramos Ferreira
e a saudosa esposa Regina Lúcia Pinheiro Ferreira que em memória receberá no
personagem o nome de Regine. Eles começaram a vida cortando juquira nas
fazendas de gado. Anos depois o casal torna-se fazendeiros bem sucedidos e no
ramal da Serragro surgiu a comunidade de Santo Antônio do Abonarí. Naquela
época foram bastante atormentados por um ser bizarro que a noite aparecia pisando
forte, estremecendo tudo. Por ser enigmático, recebeu o nome de Bicho do Pé
Pesado que para os antigos é o protetor florestal de Presidente Figueiredo.
Primeiro Ato: Preparação de
Abertura
O apresentador (a) faz a abertura
saudando a todos. Chama o escritor e poeta Luís Sevalho para o palco caso
esteja presente. Em seguida ler o histórico do Bicho do Pé Pesado e anuncia:
Apresentador (a): Senhoras e senhores,
com vocês o protetor florestal de Presidente Figueiredo o Bicho do Pé Pesado!
CENA
1 À
NOITE
[Dois elencos se apresentam (família Ramos) caracterizados com
vestimenta de trabalho rural. O marido (Zé Ramos) anda impaciente perto da
esposa (Regine) que está sentada na frente da vila tecendo crochê quando Zé
Ramos expõe seus planos para o futuro]
Atenção Diretor (a): A caracterização de
Zé Ramos deve ser no estilo fazendeiro, com facão na cintura, calça comprida,
botas e chapéu boiadeiro. A Regine apresenta-se vestida de trabalhadora rural.
Vale a criatividade.
Zé Ramos: - Cortar juquira não
é bom; e o pior, não existe outro trabalho mais fácil. - A gente acorda cedo, anda
quilômetros para chegar às fazendas. - Amanhã a batalha é na fazenda do seu
Lindolfo, noutro dia é lá no Zé das Porcas e depois de amanhã, no Ivani e assim
por diante. - Ai que vida. - Se não melhorar temos que pegar o ”Beco” para
Manaus.
Regine: - Paciência Zé. - De
lá viemos. -Temos que ficar por aqui mesmo. - O pouco com Deus é muito. - Vamos
trabalhar para ter o que é nosso, pois a economia é a base da prosperidade.
Zé Ramos: - É mesmo, mulher! –
Vamos trabalhar para ter a nossa fazenda de gado também, né!? (gestos de
abraços)
Atenção
sonoplasta: Quando o Zé Ramos nem bem termina de falar, os
efeitos sonoplásticos já se antecipam.
CENA 2
Á NOITE
[Durante a conversa o casal é surpreendido com barulhos externos. As tochas
quase se apagam devido forte vento que surge, objetos vão ao chão (efeito de
sonoplastia) e tudo começa a estremecer. A família fica atordoada, Zé Ramos
prepara-se para enfrentar Pé Pesado, dá cambalhotas com o facão empunho, porém
desiste e faz pergunta à esposa]
Zé Ramos: - O que está
acontecendo, Regine?! Será um terremoto?.
[Neste momento o
misterioso Pé Pesado passa pela frente da vila com pisadas fortes e lentas,
desaparecendo nos escombros da antiga serraria deixando todos estarrecidos]
Zé Ramos: - Vamos entrar e
orar a Deus para nos proteger. (faz gestos como estivesse se benzendo)
Fecham-se
as cortinas
CENA 3
[Noutro dia o casal de malas prontas decide se mudar para a fazenda de
trabalho e retornar à vila só nos finais de semana. Na frente da vila Zé Ramos
conversa com a esposa]
Zé Ramos: - Regine, o
Robertinho já tinha falado que na área da antiga serraria apareciam muitas
mesuras.
Regine: - Éh, o Esmeraldo e
o Azarias confirmam isso. – Aparecia, nas imediações onde é hoje a casa do João
Ramos e da Cordélia. – De aparência humana chamavam o bicho de Pé Pesado. - Por
onde passava estremecia tudo. - Seu grito coalhava o sangue das pessoas. Ai me
dá um arrepio! (Fazer o gesto de arrepio).
CENA 4
[Zé Ramos com a mochila nas costas entrelaça os braços junto à esposa e
quando fazem menção de retirada são surpreendidos por uma voz do além (Jurupari)
que se identifica e os interroga]
Atenção sonoplasta: criar suspense
sonoplástico, como se estivesse caindo uma tempestade com som de trovões e relâmpagos,
etc. antes do Jurupari falar em tom lento e grosso.
Voz de Jurupari com
efeito especial:
- Ramos! É Jurupari o atribulador dos sonos dos malfeitores da floresta. – Tô
contigo. - Não tenha medo de Pé Pesado.
- Ele é do bem; - só está aqui de passagem. - Morava na Caverna de Balbina
quando era terra firme e junto aos índios lutavam para proteger seus
territórios, manter as corredeiras, as cachoeiras, os rios de forma bem natural
e saudável. No entanto, Pé Pesado e os índios foram expulsos dos seus territórios
que se transformou numa Hidrelétrica. - Permaneçam na vila porque ela vai crescer
com pessoas de bem, muita produção agrícola, escola e usina de buriti. O
progresso está só começando.
Zé Ramos: Éh, - vamos entrar
Regine e ver o que vai acontecer.
Fecham-se as cortinas - opcional
Segundo Ato:
CENA 5
[O engenheiro, o sismógrafo e o topógrafo da Andrade Gutierrez aparecem no
ramal da serragro para dar continuidade a sua extensão e ao mesmo tempo
construir os diques de sustentação de Balbina, porém são atormentados pelo
mitológico e adoecem]
Atenção diretor (a): Os técnicos aparecem
de roupa azul identificados com os nomes na roupa como, por exemplo: engenheiro,
sismógrafo e topógrafo.
Engenheiro
chefe: – ”Vamos, comecem o trabalho”. “Construir mais vinte quilômetros de
ramal e os diques”.
CENA 6
[Enquanto os funcionários fingem que estão demarcando a área Pé Pesado
aparece sutilmente cuspindo neles deixando-os doentes e, consequentemente
fazendo desistirem de suas tarefas]
Atenção diretor (a): Fazer a imitação do
cuspe com algodão umedecido arremessado manualmente nas costas dos funcionários
distraídos que reagem da seguinte maneira:
Engenheiro: - Ai que dor de
cabeça. (fazer gestos) - Vou desistir desse projeto.
Sismógrafo: - Meu corpo dá sinal
de abalo. Tô doente e quero provocar (fazer o gesto de que está com náuseas). -
Vou desistir da firma.
Topógrafo: - Nada dá certo na
construção desses diques. - Acho que a malária me pegou. - Vou embora e não
volto mais aqui.
Fecham-se as cortinas
CENA 7
[Os técnicos da Andrade Gutierrez desconfiam que no ramal da Serragro
tem ouro devido a presença de visagens. Porém, os minérios são protegidos por
Pé Pesado e buscam apoio de caçadores para expulsá-lo. O engenheiro diz]
Engenheiro: - Gente! - Aqui na
Lagoa da Léa e na Gamboa existe muito minério igual do Pitinga vigiado pelo pé
pesado. É por isso que aqui é cheio de marmota. - A solução é pedir para os
caçadores expulsá-lo. - Vamos falar com eles agora!? – Vamos.
Fecham-se
as cortinas
CENA 8
[Os caçadores aparecem fortemente aramados e começam a atirar para cima
e para os lados retirando - se imediatamente]
Atenção sonoplasta: sonoplastia dos
tiros com a presença de fumaças, etc.
Atenção assistente de
palco: Colocar
o envelope amarelo sutilmente no palco enquanto os caçadores estão atirando.
Vale a criatividade.
Fecham-se
as cortinas
CENA 9
[Zé Ramos e esposa aparecem na frente da vila.
Atônitos, avistam um envelope no chão e nele escrito: “Segredo”. Enquanto
admiram-se do envelope em mãos, Jurupari volta a falar]
Atenção
sonoplasta: Manter o efeito especial antes de o Jurupari
falar.
Jurupari: - Olá! é Jurupari. – não se atormentem - Eu e
Anhangá nos unimos para prover Pé Pesado de poderes. – De agora em diante se tornará
o guardião desta vila, do Rio Uatumã e de Presidente Figueiredo. - Neste
envelope estão guardados todos os segredos desta região. Se for quebrado a
maldição volta a reinar contra a população. - Guarde-o a sete chaves. - Ah, psiu.
- Não esqueça, o nosso protetor está vivo, pronto para agir.
CENA 10
[Zé Ramos reconhece Pé Pesado como defensor da floresta e dos recursos
naturais e faz perguntas compadecidas à Jurupari]
Zé Ramos: - E, onde ele está?
– Se Balbina estourar quem vai salvar Presidente Figueiredo da inundação?
Jurupari responde: - Calma fazendeiro. –
Pé Pesado age secretamente a nosso favor. Já viu como está o Park Urubuí e a
BR-174, bem pavimentada e cheia de ramais?
São frutos dos seus poderes, assim como o surgimento do Galo da Serra, do Sete
e do Quatro de Balbina que serão urbanizados e ocupados com centros de estudos
avançados. Enquanto Nossa Senhora de Aparecida derrama bênçãos sobre a cidade
ele luta em surdina para manter a fauna e a flora livre dos predadores. E, assim
a população e seus visitantes podem turistar e banhar-se nas cachoeiras que tornam
Figueiredo a maior cidade turística do Amazonas. Agora estou indo, tchau...
Terceiro Ato
Final:
CENA 11
[Zé Ramos concorda com as profecias e conclama a todos os presentes para
agradecer o Bicho do Pé Pesado, o povo e a cidade de Presidente Figueiredo]
Atenção direção: Quando Zé Ramos
chamar as pessoas para o agradecimento, todo o elenco se apresenta no palco, inclusive
o narrador-Jurupari que estava intocado e o Pé Pesado no personagem. A palavra Jurupari deve aparecer como destaque na
frente da camisa do elenco.
Zé Ramos: - Espera!
(gestos de indeciso) - Viva, Viva, (pulos de alegria) – Pessoal! – venham todos
aqui, vamos juntos dizer em alta voz: VIVA
PÉ PESADO E O POVO DE PRESIDENTE FIGUEIREDO. Vamos lá, 1, 2, 3 e
já: VIVA PÉ PESADO E O ...
Salva de
palmas por todos
FIM
Nota de agradecimento e pesar
O
conto dramático do Pé Pesado relata também a história do casal José Ramos
Ferreira e da esposa Regina Lúcia Pinheiro Ferreira que chegaram no ramal da
Serragro por volta de 1980 construindo lá até os dias atuais uma boa base
familiar. Em 2004 Regina Lúcia (no personagem Regine) foi chamada aos braços do Pai Celestial deixando para todos
nós sua contribuição histórica pela qual será representada por seu esposo José
Ramos que nos autorizou por escrito a ampla divulgação desta belíssima
dramaturgia.
O autor
Fale com o seu escritor neste
endereço:
Escritor e poeta Luís
Sevalho
Rua Malvarisco, 136 – Jorge
Teixeira 4ª etapa.
Fones: (92) 99462-6132 (Luís Sevalho)
(92) 99406-7584 (Cláudia – esposa)
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