sábado, 18 de novembro de 2017

Agora você pode dramatizar A Construção da estrada, BR-174 e o Genocídio dos Índios, na sua escola ou município.

A CONSTRUÇÃO DA ESTRADA, BR-174 E O GENOCÍDIO DOS ÍNDIOS.

“Enquanto os leões não tiverem seus próprios historiadores, as histórias de caça sempre glorificarão o caçador”. (Provérbio Igbo, da Nigéria)



A dramaturgia tem como fonte o Relatório do Comitê da Verdade, Memória e Justiça do Amazonas 2014 e o Movimento de Apoio à Resistência Waimiri/Atroari (MAREWA), Itacoatiara, 1983.

DIREÇÃO GERAL: Diretor (a), assistente de direção, narrador (a), apresentador (a) e assistente de palco.

PERSONAGENS DO PRIMEIRO ATO:

  Índio Maiká. (03 índios guerreiros com flecha que protegem Maiká), 10 índios figurantes acompanhados a seus líderes tribais, Engenheiro chefe, Timenes, sismógrafo, topógrafo, um detonador de explosivos, um segurança armado medroso, sonoplasta, alguns homens armados para atirar e incendiar as aldeias indígenas.

EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS PARA TODA DRAMATURGIA:

Palco com cortina, utensílios eletrônicos como caixa de som, microfones, Datashow, réplica de bombas, fuzil, metralhadora, mesa de áudio, jogo de luz, efeitos de sonoplastia, música indígena, etc.
COMO DEVE SER O CENÁRIO:
Projeta-se um caminho, como se fosse a construção da estrada (BR-174) ficando as malocas situadas de uma margem e de outra em toda sua extensão. Lá, estão as comunidades indígenas praticando suas atividades culturais.
Atenção: Vale a criatividade do (a) Diretor (a) para enriquecer o cenário.
                                                           
HISTÓRICO DA CONSTRUÇÃO DA ESTRADA, BR-174 E O GENOCÍDIO DOS ÍNDIOS.

Antigamente por onde passa hoje a BR-174, não era caminho de civilizado. Somente o povo Kiña (Quinhá), Waimiri-Atroari viviam em tempo livre nas regiões que compreendem a margem esquerda do Rio Negro, os Rios Urubu, Camanaú, Rio Uatumã, Jauaperí, o Alalaú e seus afluentes. Uma das UMÁ (estrada ou varadouro) ligava as aldeias do Baixo ao Alto Rio Camanaú e seguia no rumo Norte atravessando o Rio Alalaú por duas vezes passando por várias aldeias até adentrar o território dos índios Wai-Wai. As corredeiras, as cachoeiras as riquezas da fauna e da flora faziam parte do território imemorial dessas civilizações que para eles era uma fonte de vida. No Rio Uatumã viviam em festas tribais, assavam peixes, comiam ovos de tartaruga, tracajá, entrelaçando amizade com outros povos karib sem temer civilizados.
A partir da segunda metade da década de 1970, Zona Franca e Eletronorte atraídas pelas riquezas minerais e pelo potencial energético dos rios iniciaram a construção da hidrelétrica de Balbina e depois a hidrelétrica particular de Pitinga. As mineradoras instaladas em Pitinga tinham como objetivo saquear os minérios no território dos índios sem consultá-los. O resultado do projeto desenvolvimentista causou a maior catástrofe socioambiental e o genocídio dos índios Quinhá e a extinção do povo Piriutiti. Vamos assistir como viviam os Waimiri-Atroari antes da construção da estrada Manaus-Caracaraí atual BR-174 e por consequência o quase total extermínio desse povo. O episódio começa a partir do Rio Urubu, na região de Presidente Figueiredo.

PRIMEIRO ATO: Abertura da peça pelo apresentador (a).

NARRADOR (A): Ler o histórico já com o cenário aberto.

Atenção: Quando começar a leitura os índios do Rio Urubu já estão praticando suas atividades culturais, etc.                        
CENA 1

[ festas tribais dos índios com seus costumes e tradições no Rio Urubu antes da construção da estrada federal, BR-174. Índio Maiká: Canta, as tribos dançam, alguns se alimentam outros brincam com os curumins e cunhantãs, o curandeiro pratica a pajelança (vale a criatividade) e depois todos se retiram para suas malocas ] 

                                                      
                                                  CENA 2

[ As empreiteiras, Mendes Júnior e Andrade Gutierrez autorizam seus engenheiros a construir Balbina. O engenheiro chefe, Timenes, caracterizado com a identificação nas costas: (Engenheiro Timenes)
 aparece com um papel nas mãos tipo croqui e ordena a equipe a começar os trabalhos para a construção da hidrelétrica de Balbina ]

Engenheiro Timenes: - Pessoal, vamos construir a hidrelétrica entre essas duas serras, bem aqui na garganta do diabo no Uatumã. Será chamada de hidrelétrica de Balbina.
Timenes: dizem que os índios vão impedir. Mas ela será feita sim, podem começar.                                          
                                                    CENA 3

[ De costas para os índios que estão escondidos, os sismógrafos e topógrafos fingem iniciar seus trabalhos. Os índios em surdina fazem barreiras com palhas, cipós, galhos de árvores, etc para impedir a passagem e, quando civilizado tenta retirar os empecilhos, várias flechas são atiradas como advertência e o índio Maiká aparece acompanhado de vários guerreiros para fazer sua reivindicação ]

Atenção diretor (a): Quando Maiká aparecer, o segurança joga a arma com medo e tenta se esconder por trás dos funcionários.
Índio Maika: Civilizado não pode fazer isso com nosso povo. Se construírem hidrelétrica onde vamos morar e se alimentar? Vão embora!                                                  

                                                            CENA 4

[ A equipe concorda em se afastar, porém dizem que vão buscar reforço para a continuidade da obra ]
Alguém da equipe fala: - Tá bom. – somos apenas trabalhadores. Vamos nos retirar e buscar reforço para continuar o trabalho.

                                                          CENA 5

[ Neste momento outros indígenas aparecem na estrada com seus chefes tribais juntando-se à Maiká para discutirem estratégias que possam expulsar invasores quando repentinamente são atacados por homens armados. Os indígenas fingem receber os tiros de fuzil, das metralhadoras, etc. (ver sonoplastia) outros se defendem das bombas e Maiká orienta todos a se protegerem ]  

Índio Maiká diz: - “Protejam-se!”. – “Vamos procurar refúgio - por aqui!”.                                       
FECHAM-SE AS CORTINAS
                   (O narrador (a) entra em ação com as cortinas fechadas)

NARRADOR (A): - Diante ao massacre as lideranças indígenas se reúnem para tentar amansar civilizado. Líderes como capitão Maroaga, capitão Pedro, Tuchaua Comprido, Takwa, Canori, Coroinha, Abonari, Tomaz e Manoel são chamados e concluem que: “– civilizado está bravo e louco”, “– estão colocando as árvores de raiz para o céu” e decidem fugir com seu povo em direção a Boa Vista sem saber que nessa direção a estrada federal já tinha sido colocada à rodagem e neste percurso foram novamente massacrados. A partir daí a floresta era rasgada por tratores e os rios ocupados por gente inimiga.
O DER-AM, (Amazonas), o Departamento Nacional de Estrada e Rodagem (DNER), Forças Armadas e a recém-fundada FUNAI da época forçaram a passagem da BR-174 nas terras indígenas.

SEGUNDO ATO: A construção da hidrelétrica de Balbina e o surgimento dos primeiros comerciantes onde é hoje Presidente Figueiredo.

PREPARAÇÃO: Preparar o cenário como se fosse a BR-174 aparecendo os seguintes restaurantes. Colocar o nome desses restaurantes: (Restaurante Manuel Galinha) onde é hoje a rodoviária, (Restaurante do Josias) situado ao lado direito da BR-174 sentido Manaus/Boa Vista onde reside até hoje e o posto de gasolina (Honório Roldão), ao lado do restaurante do Manuel Galinha. Enquanto o narrador (a) ler sobre Balbina, algumas pessoas dão vida à futura cidade de Figueiredo. Por exemplo: os funcionários do posto e dos restaurantes estão trabalhando, outros figurantes fazem o papel de pessoas que estão indo ao trabalho, etc. Vale a criatividade.

PERSONAGENS PARA O SEGUNDO ATO: Frentista do posto de gasolina, cozinheiras e serventes dos restaurantes, figurantes disfarçados indo ao trabalho, outros sentados na mesa dos restaurantes, dois transeuntes caracterizados de caipira ambulantes.  

NARRADOR (A): - Enquanto construía a hidrelétrica de Balbina, Presidente Figueiredo ainda não existia apenas algumas atividades comerciais surgiram onde é hoje a cidade e os primeiros comerciantes foram: o posto de gasolina do senhor Honório Roldão e os restaurantes dos senhores Manuel Sobral Galinha e o restaurante do Josias. Presidente Figueiredo torna-se município através da Emenda Constitucional nº 12 de 10/12/ de 1981.                                                 
                                                         CENA 6

[ Transeunte caracterizado de caipira comenta com o compadre se era verdade que naquela área surgiria Presidente Figueiredo ]

Atenção: usar microfones.

Transeunte: - “Compadre, tão dizendo que aqui vai ser construída uma cidade! – Você acredita?”
Compadre: - Com ar de graça. – “Rhum!” –”estão é louco” – “Construir uma cidade no meio da floresta cheia de serras e cachoeiras” – “Acredito não, compadre”.  

Atenção: O papo informal continua com os transeuntes enquanto o narrador (a) ler o histórico abaixo:

NARRADOR (A): Enquanto se formava o pequeno povoado na região de Presidente Figueiredo a construção de Balbina seguia a todo vapor ao mesmo tempo em que acontecia a guerra silenciosa contra os Waimiri/Atroari que se refugiavam em Pitinga e eram trucidados pelas forças do governo federal e pelos jagunços Sacopã das mineradoras lá instaladas. Nessa região (Pitinga), nove aldeias aerofotografadas pelo padre João Calleri em outubro de 1968, desapareceram com a instalação do grupo Paranapanema e mineração Taboca. O governador de Roraima Fernando Ramos Ferreira e o governador do Amazonas, Danilo de Matos Areosa eram os principais incentivadores da campanha contra os índios. Nada era divulgado. O dia era sempre do caçador e nunca da caça. Quem ficasse a favor dos índios era considerado um débil mental.  

                                         FECHAM-SE AS CORTINAS

 TERCEIRO ATO: índios Quinhá assistem aulas no método Paulo Freire.

PESONAGENS DO TERCEIRO ATO: professores Egydio e Dorotí, índios alunos: Panaxi Olindo, Womé Viana, Pikida e uma índia com criança.

                                                     CENA 7

[ Os professores Egydio e Dorotí Alice lecionam na aldeia Yawará, aplicando o método Paulo Freire na língua materna dos kiña (Quinhá) e resgatam depoimento do genocídio dos índios ]

Atenção: Uma sala é improvisada sem cadeiras onde os professores lecionam para indígenas de todas as idades na aldeia Yawará

                                                        CENA 8

[ Professores Egydio e Dorotí dão boas-vindas aos alunos e aguardam a exposição espontânea dos desenhos indígenas ]
Professor Egydio: - Combinamos que trouxessem de casa alguns desenhos. Vamos apresentá-los!?.
Os índios dizem: Vaaaamos!

Atenção: os indígenas tentam apresentar seus desenhos de uma só vez e professor Egydio diz:
Professor Egydio: - Espera aí. Panaxi Olindo mostre seu desenho.

Atenção: o índio deve apresentar o desenho de um homem segurando um fuzil e bomba.
Panaxi fala: - Foi assim que kamña (Cáminhá) matou minha família. (esboça choro) e se retira.

Atenção: A partir da fala de Panaxi, seguem-se as apresentações espontâneas dos desenhos indígenas na seguinte ordem:
Womé Viana apresenta uma casa furada a bala com a parede caída e diz:
Womé Viana: Depois que Taboca chegou, fomos visitar a maloca Tikíriya que ficava no Pitinga e não encontramos mais os índios. Invasor chegou atirando. Foi muito triste! (demonstrar tristeza e choro)

                                                      CENA 9

[ Índia com criança faz pergunta aos professores ]
Índia com criança: O que Kamña (Cáminhá), joga de avião e queima o corpo da gente por dentro? Porque foi assim que fizeram com uma aldeia amiga da nossa família.

CENA 10

[ Índio Pikida: se apresenta e afirma que todos que ali estão tiveram suas malocas queimadas atacadas por metralhadora, bombas, etc. ]

Pikida: - Professores! Todos os nossos pais foram mortos. Nossos familiares tiveram as malocas queimadas e atacadas por bombas e tiros de metralhadoras. –“Por que kamnã (Cámihá) matou kinã?”(Quinhá) –“Apiemieke?”

Atenção: Nesse momento todos os alunos choram veementemente repetindo a palavra, Apiemieke (por quê?).                         

(Após um minuto de choro em meio às apresentações dos desenhos e seus significados, o narrador (a) anuncia que as autoridades começaram a desconfiar que os professores estivessem colhendo provas do genocídio dos índios e mandam afastá-los).

NARRADOR (A): - No final de 1986, o presidente da FUNAI da época, Romero Jucá, mandou demitir os professores Egydio Schwade e Dorotí Alice Muller por suspeitar que os educadores estivessem reunindo provas a favor dos índios. Convidado, o professor Egydio participou do lV Tribunal Russell em Rotterdam (Holanda) onde denunciou as agressões sofridas pelos Waimiri/Atroari no Amazonas. Segundo o relatório do Comitê da Verdade, Memória e Justiça do Amazonas mais de 2.000 Waimiri/Atroari desapareceram em apenas 10 anos durante a construção da BR-174. Os Quinhá exigem uma explicação ainda não respondida pelo Estado brasileiro o motivo de tanta crueldade.

                                    FECHAM-SE AS CORTINAS

CENA   11                                       FINAL

(Presidente Figueiredo no momento atual e o poema: Cidade Morena da BR-174)

   [ O narrador (a) apresenta no Datashow algumas das atrações turísticas de Presidente Figueiredo e declama o poema do poeta escritor Luís Sevalho). Por último apresenta a cidade em festa destacando a atração nacional da última festa do cupuaçu e feira de agronegócios, etc. (Neste momento todos os atores e atrizes da peça se apresentam no palco acenando ao público a despedida final ]  

NARRADOR (A): Algumas das atrações turísticas que você encontra em Presidente Figueiredo...

Atenção: Apresentar e explicar o que está sendo visualizado no Datashow. Quase finalizando a apresentação, falar que para o poeta escritor Luís Sevalho Figueiredo é para ele uma CIDADE MORENA DA BR-174 nos versos do poema:

Presidente Figueiredo
Tu brilhas no meu olhar
Teus atrativos turísticos
São ricos em comentar
Terra das cachoeiras
Lugar mais lindo não há.

Na Bela Iracema Falls
Não posso deixar de ir
Lagoa Azul e Orquídeas
Vou deixar a vida fluir
Escalar o Salto do Ypi
E refrescar no Urubuí.

Durante tua formação
Muita coisa aconteceu
Nos conflitos silenciosos
O índio por ti morreu
Esta luta de resistência
A tua história escondeu.

Pujante Morena da BR-174
Cidade que sempre quis
Pinta os nossos corações
Com teu bioma verde lis
Mostra ao mundo a bravura
Deste honrado povo feliz.


                                                        FIM        

Endereço do escritor e poeta Luís Sevalho:
Rua Malvarisco, 136 - Jorge Teixeira 4
CEP 69.088-413 - Manaus Amazonas
Contatos:
92) 9 9462-6132  (Luís Sevalho)
(92) 9 9406-7584 (Cláudia - esposa)
        
Ou no:
Sítio Sevalho: Ramal do Quadrado, Km 1
Comunidade Santo Antônio do Abonari
Km 200 da BR-174
Presidente Figueiredo Amazonas
Leia mais no: blog-do-sevalho.

Agora você pode dramatizar Cururu Teitei na sua escola ou Município

DRAMATURGIA DO CURURU TEITEI


Teitei representado pela figurante Karla Sevalho


Extraído do Livro Rio Profundo
Autor Luís Sevalho
Dramaturgia escrita pelo autor.



DIREÇÃO GERAL: Diretor cineasta, assistente de direção, apresentador (a), sonoplasta e um assistente de palco caracterizado de vaga-lume, borboleta, etc.

TODOS OS PERSONAGENS: Vó Biná, menino Buiú e umas (5) crianças, Teitei, mulher doente, estudante apaixonado, casal de americanos, comunidade de ribeirinhos (de 5 a 8 figurantes) e um elenco que vai ficar na plateia.

EQUIPAMENTOS E SUPORTES TÉCNICOS: Um livro de historinha, cadeira, jangada móvel, réplica de câmara fotográfica ou celular de isopor, fundo musical com som de trovão e relâmpagos, barulho de um motor rabetinha, microfones, caixa de som, etc. 
                                                                                                            
CENÁRIO: Pode ser na sala de aula, no auditório, na praça. Vale a criatividade.

HISTÓRICO DA PEÇA: Tudo acontece quando uma ribeirinha do Rio Juruá, Vó Biná chega a Manaus a tratamento de saúde ficando na casa de um parente que mora em um ramal próximo a capital. À noite, as crianças se juntam para escutar as histórias vividas por ela. Dentre os mais interessados tem um menino Buiú que faz perguntas das mais diversas para matar a curiosidade. Uma das histórias que eles mais gostam é a saga do Cururu Teitei porque aguça o imaginário do povo rural que habita nossa região. Segundo o escritor Luís Sevalho, Cururu Teitei é um lendário gaturamo que desceu da cabeceira do Rio Eyrú no Juruá e se alojou na localidade Bacururu. Sua história remonta o tempo dos seringais onde os extrativistas oprimidos de tudo e por falta de assistência médica buscavam suas curas nas profecias do milenar sapo.    
PRIMEIRO ATO: Abertura pelo apresentador (a)

Atenção: Se o escritor estiver presente será chamado pelo (a) apresentador (a) para ser apresentado ao público. Em seguida ler o histórico da peça e anuncia o espetáculo a todos     

Apresentador (a): - Senhoras e senhores apresento a vocês a maior saga do século: Cururu Teitei.

CENA 1     [ Vó Biná entra em cena toda caracterizada. Senta numa cadeira com um livro na mão como se fosse o Rio Profundo e chama as crianças que estão brincando de roda para escutar a história do Cururu Teitei ]  
 
Vó Biná: - Hei crianças, sentem-se aqui. - Vou contar uma história para vocês. - Lá no Rio Juruá, região de Caitaú Bacururu, existe um sapo gigante com poderes ocultos.  

Buiú: É verdade vó!?- alguém já viu este monstro!?

CENA 2      [ Quando Buiú nem bem termina a pergunta o sapo entra em cena. Sentado numa jangada móvel, como se fosse um casulo, todo iluminado, cercado com teia de aranha e pirilampos, parecendo um Guru. Puxado pelo assistente de palco ou motorizado, começa curar as pessoas ]


CENA 3       [ Mulher doente sentindo dores de rasgadura na pá e segurando o ombro fala em voz cabocla, trêmula e fica curada ]

Mulher doente: – Oh meu Paim Teitei Já remei de canua há três dias para chegar até aqui. - Quero que cure minha rasgadura. - Adquiri esta marvada doença arrancando mandioca. - Éh, - o remédio da butique não deu jeito, só você pode me consertar.

Cururu Teitei: – Beata olhe para o público e diga: Tô curada e siga sem olhar para trás que ficará boa.

Mulher doente: - Tô curada.  (gesto de alegria)


CENA 4           [ Conversa entre Vó Biná com as crianças ]

Vó Biná: – Éh..., bom, como dizia; - Eu nunca vi o sapo, porém, caravanas inteiras já foram vê-lo. - Mas, só o enxergam de frente.    

Buiú: – Não acredito! – Vó, é verdade que ele não deixa a gente olhar pelas costas?

( Vó Biná faz gestos com a cabeça querendo concordar e responde )

Vó Biná - Quem o viu pelas costas passou mal só viu serpentes e depois caíram os dentes. - Agora, quem tem fé nele, fica curado.

CENA 5       [ Um estudante apaixonado fica ajoelhado e suplica ao misterioso sapo que o atende e o jovem sai sorrindo ]

Estudante: – Meu Teitei! - Estou na sofrência: - Minha namorada não quer nada comigo. – É só no zap-zap. – por enquanto só levo chifre. - Ajude-me ó Paim a resgatar minha donzela, te imploro, por favor!  

Teitei: – Acalme-se, meu chifrudinho. – Arrume um fio de cabelo da amada, embrulhe em um papel virgem junto ao nome dela e jogue o em cima da casa dizendo:  

Marlinda, minha ambição,
Seu amor está preso
Dentro do meu coração.

Teitei: - Respire fundo, cumprimente o público e saia feliz.

SEGUNDO ATO:               

CENA 6         [ Enquanto o sapo finge estar dormindo, Buiú conversa com Vó Biná ]
                                                         
Buiú: – Vó, - agora me deu foi medo! - Será que alguém tem alguma filmagem desse pré-histórico?

Vó Biná: – Ah, - não sei filho. - Um helicóptero que tentou filmar foi incendiado. - Os gringos americanos que fizeram selfies também tiveram as câmeras queimadas. - Ninguém sabe explicar o motivo.


CENA 7         [ Entram em cena os turistas fingindo que estão filmando, fotografando a paisagem até que um deles encontra o sapo dormindo e, admirado aponta para o bicho e diz em sotaque inglês ]

Turista americano: – Olha ele lá! – Yes, o Tatei de certeza. Lá está. - Tamós com sorté. - Achamos house dele. - Vamos filmá-lo e depois, vender seus poderes.


CENA 8          [ Enquanto estão filmando o sapo acorda e grita bem alto para  assustar os gringos que fogem deixando  todos os seus pertences fotográficos ]

Teitei: – Hah, ah, ah,  


CENA 9            [ Buiú fala admirado com Vó Biná ]

Buiú: – É interessante! - E ainda tem gente que não acredita! - Parece coisa de filme!

Vó Biná: - Bom. - Não tema. - O que se sabe é que numa noite de temporal o sapo sumiu.

CENA 10         [ Neste momento os ribeirinhos se juntam em torno do sapo desenvolvendo movimentos rítmicos como se fosse uma dança seguidos de um fundo musical com batidas fortes que imitam relâmpagos e trovões e aos poucos se retiram de cena levando também o Teitei ]   


CENA 11        [ Vó Biná e Buiú ficam abismados e continuam conversando ]

Buiú: - Vó!   - A senhora tinha medo do sapo? Ele já saiu alguma vez de lá?

Vó Biná: – Sim. - Tremia de medo; outros não. - Tinha gente que fechava a janela da casa cedo da noite, mas nunca aconteceu nada.  – Certo é que depois do temporal ele sumiu de lá.  
Buiú: – Meu deus! - Para onde ele foi? - Será que veio pra cá!?

Atenção: citar o nome do município, comunidade, ramal ou a escola onde a peça está sendo apresentada.  


Vó Biná: – Não sei. – Dizem que se mudou do Rio Juruá para o Rio Uatumã. -Vem descendo numa jangada. - Deve chegar aqui às 5h da madrugada.

Buiú – Vó, com essa fama toda quando ele chegar aqui vai bombar nas redes sociais. (risos)


CENA 12        [ Vó Biná olha para o lado, enxerga o sapo que vem descendo o Rio Juruá e  mostra para o neto. ]

Vó Biná: - Olha lá! – é o Teitei descendo o Rio Juruá


Atenção assistente de palco: - Puxar a jangada com o sapo que vem acompanhado de ribeirinhos fazendo de conta que ele vem descendo o rio ao som de um motor rabeta. Dar uma volta no palco onde os devotos fazem gestos de adoração. Em seguida retiram-se todos levando também o Teitei.  


CENA 13          [ Vó Biná comenta  a fama do sapo com o Buiú ]

Vó Biná: – Olha! - Onde ele passa junta uma multidão. Todos querem tocar nele para obter a salvação.

Buiú: - Que história interessante! - Quando ele ancorar em “Balbina” (ou em Manaus ou outro município onde a peça está sendo apresentada) vou pedi para o IBAMA trazer ele aqui na escola, no ramal ou vila para quem triscar nele ficar livre de todos os pecados.   

Vó Biná: - Todos são obrigados a ir encontrar o bicho lá no porto. - Quem não for terá a vida assombrada e a casa incendiada.


TERCEIRO ATO:                                          FINAL

CENA 14           [ Após a última fala, todos os atores se reúnem para saudar ao público junto com o Sapo que deve ficar de pé sem a máscara. Quando se preparam para finalizar alguém vem da plateia gesticulando, sobe no palco e pede a palavra. Na verdade este elenco da plateia recebe um microfone para encerrar o espetáculo agradecendo a todos ]

Elenco da plateia: - Gente! – Quero falar uma coisa. - Parem de falar do Teitei.-  Ele é um bicho sagrado e nunca vai sair do Rio Juruá.  - Em nome do gestor (a) e toda sua equipe escolar, agradecemos as autoridades presentes e a todos que prestigiaram o nosso evento. Obrigadooooo e até a próxima, bye.

                                                       FIM




Fale com o seu escritor neste endereço:
Escritor e poeta Luís Sevalho
Rua Malvarisco, 136 – Jorge Teixeira 4ª etapa.
CEP 69.088-413   E-mail luissevalho@hotmail.com
Fones: (92) 99462-6132   (Luís Sevalho)
            (92) 99406-7584   (Cláudia – esposa)

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